A solidão é um espelho interior que é visto sob vários
olhares. Há quem afirme que é um sentimento de abandono, outros, de carência.
Há quem diga que se iguale à saudade, outros, à ausência de pessoas
importantes. Há ainda quem ache que se trate de um vazio emocional do que não
se sabe explicar. Talvez seja, eu não sei. No meio de todas essas definições,
existe algo mais forte que me faz acreditar que realmente isso reflete em um
sentimento de abandono, seja ele intencional ou não. Um abandono do nosso próprio
"eu", do ser humano carente que nós somos. Quem sabe essa coisa que a
chamam de solidão seja simplesmente a falta de encontro com a nossa essência.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
sábado, 30 de novembro de 2013
Vai doer, mas vai passar
Resolvi sair, mas tudo a lembrava, cada detalhe tinha um
significado com ela, olhava vários rostos, mas apenas o dela vinha à mente.
Roupas, musicas, ou até meu travesseiro a lembrava, tudo tinha um significado,
uma história, parecia que ia corroer para sempre. Nesse momento que a gente vê
que não somos um só, mas sim uma metade, e quando a outra metade se vai, parece
que fica a pior parte de nós.
Você se vê fazendo coisas que condenava, tenta mostrar para
o mundo que está bem, que está nas baladas, que está com a mulherada que não
está sofrendo, besteira! Todo mundo está vendo que você está sofrendo e está
tentando se enganar, você enche a cara, pega o celular liga, manda mensagem, se
rebaixa, se humilha, faz coisas que condenaria facilmente em outros.Mas o faz
sem pensar, afinal, parece que apenas o pior de você que ficou.
Tenta arrumar espantalhos, isso, pessoas para tentar suprir
a carência, encontra outras bocas, outros abraços, outros corpos, mas tudo te a
lembra, ali não é você, é apenas um saco de peles com ossos dentro, saciando
seu vazio com o nada.
Com o tempo vai passando, você começa a respirar, as coisas
vão perdendo o sentido que tinham, você vai se desapegando das memórias, vai
encontrando outras possibilidades, vai achando graça em outras piadas, e
admirando outros sorrisos, conhecendo novos amigos, flertando com outras
mulheres.Quando percebe parou de procurar saber sobre a vida dela, e se
concentrando em arrumar a sua vida, tem vergonha do que fez durante esse
processo, mas entende que foi preciso talvez.
E quando vê descobre que passou aquela dor, aquela falta de
vida, aquele medo de não conseguir sobreviver sem a pessoa, de não conseguir
fazer novos planos, ter novos sonhos, tudo isso se vai, a ferida vai
cicatrizando, e você nem lembra mais dela, fica o carinho o respeito pela
história, e o desejo que seja feliz.
E quando você vê está se encantando por outro sorriso, e
pensa, puta merda de novo? Mas sabe, somos como crianças que estão aprendendo a
andar de bicicleta, caímos algumas vezes, mas nem por isso paramos de tentar, e
assim vamos, não é porque se machucou uma vez que vai deixar de se entregar a
uma nova possibilidade, afinal uma hora a criança aprende andar de vez.
E quando você estiver sorrindo, com novos planos, novos
sonhos, planos de viagens, conquista nova, você para e pensa, olha ai, e não é
que passou mesmo, sorri e continua o caminho.
Uma vez disse: Não há criança de pé cansado que se prive de
correr quando a sede toma o seu corpo em um caminho de pedras, avistando uma
fonte de água limpa. Assim também não há coração tão machucado que não se
apresse inocentemente a amar, quando encontra entre milhares, um despertar de
sorriso.
George Huxcley.
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
Amor: tão objetivo, tão subjetivo.
(...) O que
os aproximou? Vem de dentro. Não tem explicação. A paixão nasce de uma química
interior, uma química que reconhece a mistura de cheiro, pele, ritmo,
batimentos e reconhecimentos. As dessemelhanças, essas, somem do campo de
visão. É a armadilha da paixão. O amor no meio disso? O amor é quando esses
dois seres comuns que se descobrem num dia pequeno resolvem que desejam aquilo.
Anseiam, até. Então eles trocam telefone, e-mail e todos esses trelêlês
cibernéticos sociais, e passam a se buscar porque querem sentir o amor. Só que
o amor não é coisa que se toca, nem se retém, nem se controla, nem se
estabelece. Amor é como as estrelas do céu: se você as quer ver, todo santo dia
você tem que olhar pro céu. O amor seria conseguir ver um céu naquele menino,
ver um céu naquela menina, e seguir junto desbravando esse caminho de estrelas,
sem medo de tempestades. Lembram-se das
dessemelhanças? São as chuvas, as tempestades, as não concordâncias, o breu de
uma camada poluente que vai embaçando o olhar. Daí vai se perdendo o foco,
desviando o olhar. Você não quer ver o cinza, você quer o esplendor do azul,
quer o céu e tudo que o outro te mostra nesse ponto, são as nuvens. Conseguiram
ver a beleza das nuvens? Uns sim, outros, não. Tá tudo certo! Todo mundo quer o
céu azul de estrelas brilhando por dentro. A paixão revela. O amor é quando há
resistência. Fé, esperança, teimosia, determinação, é quando duas pessoas
decidem que é por aquela janela que o céu é mais bonito. É naquele azul que se
quer mergulhar. O amor é o céu que se vê no outro, é o azul que a gente nunca
cansa de buscar, é a certeza de que as estrelas sempre estarão lá nem que chova
canivete.
- Blog Texto
Desafinado.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
O amor está ao nosso redor, abrace-o.
Sem o amor; a morte, a decepção, o sofrimento e a derrota teriam mais
espaço em uma vida vazia em si. Nasce gente, morre gente,
e essa ideia de amor universal parece estar interligada na alma do ser humano.
Quem não o pratica, não quer dizer que não o possua. Talvez o possua, mas de
uma forma ferida e doentia. Já dizia Chico Xavier que o ódio nada mais é senão
o próprio amor que adoeceu gravemente. Sendo assim, ele via o amor presente até
nas coisas negativas, mas de uma forma morta e sem atividade, é claro.
Eu vejo o amor nas lágrimas, na dor, na decepção, no erro, e
em muitos outros aspectos negativos desta vida. Tem gente que derrama lágrima
por amar alguém. Tem gente que se decepciona porque amou demais alguém e nunca
duvidou de sua índole. Tem gente que suporta uma dor por amor a alguém. Tem
gente que erra muito só por tentar amar. Essa força que nos move faz com que a
vida vibre ao nosso redor, seja num abraço, num aperto de mão, num
agradecimento, num olhar. Mudamos sem mesmo perceber, só pela disposição de
amar.
Nenhum mortal jamais definirá plenamente o que é o amor.
Levaremos esta dúvida conosco até a sepultura. Temos sim uma noção de sua
dimensão, de sua extensão, de sua conexão conosco - e quem sabe de sua origem - mas nunca de sua
totalidade e objetivo final. Ele é uma
loucura quando a vida parece sensata. Ela é proximidade quando a vida parece
ficar distante de nós. Ela é começo e o fim, a causa e o efeito, o finito e o infinito. Um princípio
salvador que dá o sentido verdadeiro a uma existência que às vezes parece
absurda.
Quem tiver o amor como valor supremo em sua vida, certamente
andará sobre brasas como se fossem rosas, e produzirá lindas melodias com notas
jamais vistas.
- Leandro P.S.
quinta-feira, 14 de novembro de 2013
Solidão
"Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar,
passear ou fazer sexo. Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência
de entes queridos que não podem mais voltar. Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às
vezes para realinhar os pensamentos. Isto é equilíbrio.
Solidão não é o claustro involuntário que o destino nos
impõe compulsoriamente. Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado. Isto é
circunstância.
Solidão é muito mais do que isto...
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em
vão pela nossa alma."
Chico Buarque.
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
Uma trajetória de aprendizagem
Como sempre gosto de compartilhar o que vivo
com as pessoas, hoje não será diferente. Tenho 20 anos, sou de Recife.
Há mais de 3 anos luto diariamente contra um Osteossarcoma
- Câncer que nasce em regiões ósseas – no joelho esquerdo. Comecei a
tratar em Julho de 2010, perdi a perna por progressão tumoral. Conclui
uma 1° etapa de Quimio em 9 meses, e após 4 meses, a doença instalou-se
nos pulmões. Fiz nova etapa de tratamento, mais 3 meses de
quimioterapias muito intensivas que quase tirou minha vida. Elas
acompanharam duas cirurgias torácicas pra retirada de nódulos. Após
isso, já em Janeiro de 2012, iniciei uma 3° etapa de quimio, dessa vez
via oral, sem muitas reações ruins, por 1 ano e meio. Em Agosto desse
ano, um exame mostrou o novo retorno da doença, nos pulmões novamente, e
acarretou nessa cirurgia da imagem. 1 tumor, 2 nódulos e 3 costelas
foram retiradas. No momento faço uma 4° etapa de tratamento com quimio
ambulatorial (faço e vou p/ casa). Sinceramente, não sei até onde isso
vai. Mas estranhamente eu amo demais a minha vida nessas circunstancias.
Ela me derruba, mas tiro ela pra dançar. Não tenho mais medo do futuro,
só o presente me interessa. Aprendi que paz não é ausência de guerra,
mas a capacidade que você tem de andar seguramente por caminhos
inseguros. Eu sinto que estou seguro. Tudo isso me proporcionou uma nova
visão de mundo, e jamais seria quem hoje sou se nada disso tivesse me
acontecido. Por isso, eu agradeço. Se você reclama por coisas fúteis,
não faça mais isso. Não vale a pena. Não proteste contra a sua vida,
abrace ela. Jamais perca o gosto de viver... Deus é bom!
domingo, 10 de novembro de 2013
Ame, se doe.
Procure viver uma vida sem cobranças, sem pressões. Ame, se
entregue, se doe, e não espere muito dos outros. No final das contas, alguém
vai perceber que o prejudicado não foi você por não ter recebido a devida
atenção que merecia, mas ele mesmo por nutrir o seu amor e não ter a
sensibilidade de retribuí-lo.
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Lágrimas
Tão
pequenas gotas. Pra muitos, tão insignificantes, mas que em sua essência trazem
mensagens de desabafo. Causam impactos tão grandes no coração de quem as ver
sendo derramadas que chegam a pensar em um desastre interior. As lágrimas são
os gritos silenciosos que surgem do gemido da alma, rasgam o som do coração e
ecoam como a voz de multidões nos ouvidos da emoção.
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Definição de Amor.
“Assim, o amor é uma sensação de pertencimento recíproco que
almeja a plenitude. No fundo, o amor é uma identidade, pois eu me encontro no
outro ou na outra. O amor tem turbulências, mas ele não é confronte, e sim
conflitante. O amor, ao contrário da paixão, oferece paz – sendo que paz não é
ausência de conflitos, e sim a capacidade de administrar conflitos para que não
haja rupturas. Assim, se você consegue guardar meu amor, se cuida dele, eu
fico. Mas se não cuida nem o guarda, eu parto. Há também casos em que o amor
não é cuidado nem guardado e a pessoa resolve ficar mesmo assim. Nesses casos,
isso é conveniência, e não convivência.”
- Mario Sergio Cortella.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Amor que salva.
"Ele
me ensinou tudo, ele me tirou da tristeza e me trouxe novamente ao mundo
normal, mostrando que nem tudo é motivo de angustia, ele me ensinou a ver o
mundo de uma forma diferente, ele me ensinou a me socializar e ter fé, fé em
tudo e acreditar da mesma forma que se tem fé. Ele foi o meu incentivo pra
começar uma mudança e acreditar em mim mesma. Ele tinha um dom que me fazia ter
segredos com ele e confiança, me mostrava o caminho certo, e, bem, o errado
também, talvez principalmente o errado. Ele foi minha força, minha alegria e a
minha convivência do dia-a-dia, falávamos baixinho um para outro palavras
bonitas e ternas que confortava um ao outro, um sussurro baixinho dizendo “eu
te amo” e um “Tudo vai ficar bem” bom, por algum motivo, ele tinha razão, tudo
ficava bem, no dia seguindo havia luz, e tudo estava no seu devido lugar. Nos
tempos difíceis isso era mais claro, ele me garantia que passaria depressa e
era apenas encarar do jeito certo. E bem, tudo que ele dizia era real,
verdadeiro e terno, e eu o agradeço por conseguir me salvar.”
- Suzi Sazanove.
- Suzi Sazanove.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
Procura-se um Diário
Há dias passados estava à espera de um telefonema teu, era
madrugada, três da manhã. Os grilos cantavam nas ruas, e mais nada se ouvia, a
não ser o meu suspiro com tua ausência. Eu ficara a esperar o inesperado, um
toque, um sinal, algum barulho que anunciasse a sua voz. De repente, a campainha
tocou, e ao abrir a porta me deparo com um velho diário que alguém
misteriosamente o tinha deixado para mim. Ele se encontrara vazio, mas na
verdade, o vi como uma oportunidade de preenchê-lo com a minha solidão. O dia
acabou amanhecendo antes da hora, esperei que a aurora anunciasse a tua
chegada, mas nem tua sombra se via. Enquanto não chegavas, abraçava meu velho e
bom amigo diário, e invadia seu mundo com o meu. Era uma invasão de privacidade
emocional. Durante dias, enquanto não se ouvia a tua voz, ele deu-me a honra de
ser um ouvido. Ontem choveu muito, e por um descuido, meu diário acabou
molhando. Até o dia estava mal-humorado com minha tristeza. As lágrimas da
tarde inundaram as vozes do meu coração, traduzido em letras. Era meu amigo das
horas amargas, e as deixava doces. Agora estava estragado e não tinha mais
utilidade, pois nem o sol preferiu aparecer pra revigora-lo. Tudo ao redor
maquinava contra mim, e sua distância me fazia perceber que vivera um pesadelo
surreal. De repente, via rosas desabrocharem num jardim ao lado, e numa
percepção de maestria, teu soluçar chegara aos meus ouvidos. Avistei-te da
varanda, e vi tua face marcada pela melancolia. Também estavas morrendo por
dentro, por desprezar a vida que enchia a tua vida de vida. Esse alguém era eu,
um alguém sem brilho, sem identidade, sem esperança, sem segurança, sem
companhia, sem destino, sem ponto de partida e de chegada, sem rumo e sem
diário. Ah, o diário... Quem sabe fora você que o tivesse deixado pra mim
naquela madrugada pra evitar um sofrimento maior se nada eu tivesse. Quero
dizer-te que não o possuo mais, agora outro diário está diante de mim, e não
perderei a chance de torna-lo especial e inesquecível. Deixarei minha vida
registrada no mais belo diário: o teu coração.
domingo, 20 de outubro de 2013
O Melhor Sorriso.
O dia tá frio, o café acabou de esfriar. Lá fora não ouço
vozes, nem passos, nem suspiros. O sol já se foi, as estrelas demoram a surgir
na imensa escuridão do céu, e quando surgem, se escondem por trás de densas
nuvens. Aqui dentro, a solidão invadiu o ambiente convidando-me a ser um ombro
amigo. Está tudo tão estranho, tudo ao avesso, tudo surreal, mas ao lembrar que
existe um sorriso no mundo como o seu, percebo que a realidade não é tão dura
assim como penso.
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
O erro.
“É preciso que a gente traga à tona uma ideia: erro não é
pra ser punido, erro é pra ser corrigido. O que devemos punir é negligência,
desatenção e descuido. Sabe por quê? O erro faz parte do processo de acerto. O
erro faz parte da tentativa de inovação. O erro faz parte da procura à
construir algo que vá para melhor. Nenhum de nós é imune ao erro. A clássica
frase: ‘errar é humano’ , não é uma justificativa, mas sim, uma explicação. Ela
significa que nós somos sim, capazes de errar.
Corrige-se o erro, de maneira que aquele (a) que errou, faça melhor da
próxima vez. Pergunta-se com frequência: ‘Nós aprendemos com os erros?’, não! A
gente não aprende com os erros, a gente aprende com a correção. Se nós
aprendêssemos com os erros, o melhor método pedagógico seria ir errando
bastante. E há erros que são fatais. Já dizia o grande Einstein: ‘tolo é aquele
que faz sempre a mesma coisa e espera resultados diferentes’. É tempo de
inovação.”
- Mario Sergio Cortella.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
As Estações do Amor.
Quando
chegar o verão, o forte sol estará nos maltratando com seus raios. Após isso
virá o inverno, as fortes chuvas visará o nosso afogamento. Quando vier o
outono, nossas folhas cairão no chão e serão levadas pelo vento. Mas não se
preocupe, na primavera o nosso amor florescerá, e o perfume será a prova de que
nós sobrevivemos.
A Metamorfose da Vida.
A lagarta, ou larva, saí do ovo da borboleta. Come e cresce
rapidamente, antes de passar ao estágio chamado "crisálida", durante
o qual não alimentará. A Borboleta adulta surge da Crisálida. Neste ciclo
biológico, o desenvolvimento do ovo ao "adulto" se processa através
de varias mudanças de formas. Estas mudanças chamam-se "Metamorfose"
(mudar de uma forma para outra).
Semelhantemente, ao experimentar o processo de
"metamorfose vital" estamos abertos a mudanças e inovações em nosso
ciclo de vida. Chorando e sorrindo, perdendo e vencendo, acertando e errando,
nutrindo dores e felicidades. Nossas experiências marcarão para sempre nossas
histórias, acrescentando paciência e coragem a nossa personalidade.
O brilho dos meus sonhos.
Te procuro no brilho dos meus sonhos, mas não consigo
achar. Em cada feixe de luz nesta ilusão
sombria, me perco à tua procura. Se no sonho não estás, preciso trazer-te à
minha realidade. Prefiro ver seu sorriso na escuridão desta dura realidade a
ver a luz dos meus sonhos sem você.
Encontros e Desencontros.
Encontros, olhares, abraços, sorrisos, desencontros. Assim
é o efêmero ciclo vital. Basta apenas um aperto de mãos e uma troca de olhares
especiais pra que os vazios da solidão se preencham. Basta também que simples
olhares se separarem, para que os mesmos vazios tornem à sua essência. Nossa
passagem à esta transitória existência assemelha-se muito com a cadeia
alimentar, não referindo-me as relações de alimentação que os seres estabelecem
entre si, mas às interações dos pequenos detalhes que dão sentido a nossa vida.
Sim, os detalhes têm relações mutuas, e é essa reciprocidade de pequenos
eventos que constroem histórias espetaculares e inéditas.
Os encontros mais simples e esplendidos do dia não acontecem
por acaso, pelo menos assim eu acredito. Por trás do desprezível escondem-se
valores inestimáveis. Se uma folha ressequida é avistada num campo, o
observador de imediato saberá que assim se sucedeu por fatores da natureza. O
vento à derrubou da árvore, e em seguida, com o passar do tempo, envelheceu-se
e perdeu sua cor devido à perda de clorofila e fatores que à mantêm viva. Ao
observá-la atentamente, a realidade do fim da vida poderá irá invadir os pensamentos e
levar o observador a lembrar de que um dia tudo irá se esgotar. Para um belo
encontro, é preciso estar na hora certa e no momento certo, mas antes disso,
talvez seja necessário encontrar-se consigo mesmo, e encontrar um novo mundo e
treiná-lo para a dor do desencontro.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
O lado bom de não saber.
Uma das coisas mais inteligentes que podemos saber é “saber que
não sabemos”. Só é possível caminhar em direção a excelência sabendo que não
sabemos algumas coisas. Porque há pessoas que ao invés de ter humildade para reconhecer
que não sabem tudo, fingem que sabem.
Quando você finge que sabe impede um planejamento adequado, uma ação
coletiva e eficaz. Reconhecer que não sabe é sinal de absoluta inteligência.
Pessoas humildes são capazes de ter dúvidas – isso é motor de mudança. Pessoas
que não tem dúvidas não são capazes de inovar, vivem do mesmo!
- Qual é a tua obra? Mario Sergio Cortella.
E a esperança?
O grande educador Paulo Freire dizia: “É preciso ter
esperança. Mas tem de ser esperança do verbo esperançar.” Por que isso? Porque
tem gente que tem esperança do verbo esperar. Esperança do verbo esperar não é
esperança, é espera. “Ah, eu espero que melhore, que funcione, que resolva”. Já
esperançar é ir atrás, é se juntar, é não desistir. É ser capaz de recusar
aquilo que apodrece a nossa capacidade de integridade e a nossa fé ativa nas
obras. Esperança é a capacidade de olhar e reagir àquilo que parece não ter
saída. Por isso, é muito diferente de esperar, temos mesmo é de esperançar!
- Mario Sergio Cortella.
Não seguirei sem você.
Se você não sorrir mais pra mim, não haverá grande problema.
Lá fora, a lua fará isso pra mim;
Se seus olhos não brilharem mais pros meus, não haverá
grande problema. As estrelas se encarregarão disso;
Se não sentir mais a tua presença na calada da noite, não
haverá grande problema. Pela manhã, a brisa acariciará meu rosto e amenizará
meu silêncio.
Se não ouvir mais o pulsar do teu coração, não haverá grande
problema. O meu seguirá pulsando nesta vida;
Se a sua falta de amor me ferir, não haverá grande problema.
As rosas me ensinaram a conviver com espinhos;
Mas se um dia eu acabar morrendo dentro de você, isso será
gravíssimo. Não me peça pra seguir. Talvez eu siga, exteriormente, mas meu
mundo permanecerá ocupado demais procurando minha vida em sua vida.
domingo, 13 de outubro de 2013
Note to God
Senhor Deus,
Há tempo que não escrevia um bilhete dirigindo-se a sua
pessoa. Depois de tanto tempo como peregrino, vagueando à procura de mim mesmo,
eu decidi procurar outro alguém.
Não foi fácil passar por tudo que passei. Até hoje me pergunto
como encontrei forças para sobreviver ao receber tantos ataques da vida. Tenho
certeza que a sua misericórdia me manteve vivo. Foram tantas lágrimas até aqui,
tanta dor, que fico imaginando como tudo isso poderia conter dentro de um ser
tão limitado como sou. Ah, a vida... Ela me golpeou demais. Ela feriu minhas
emoções e por algum tempo, me fez acreditar que eu fosse morrer antes que as
rosas desabrochassem. Até aqui o Senhor tem me ajudado, ainda que eu não
merecesse. Estou longe de ser aquela pessoa em que olhes e digas: “Você chegou
onde eu queria”.
Mesmo enfrentando tantas limitações, eu acredito que o
Senhor colocou-me na estrada da vida para eu chegar até o final. Às vezes
surgem os nevoeiros da dor para ofuscar o brilho da esperança que há em mim, e
me fazer acreditar que não sou especial.
Estou escrevendo este bilhete porque minha alma anda
angustiada, ela clama por socorro. Talvez ela esteja clamando tarde demais, mas
eu sei que enquanto houver sol, a esperança estará sorrindo.
Quero fazer um pedido que há muito tempo não faço: Remove
essa dor que deixa meu coração de luto nesse momento. Cuida dos meus amigos que
estão com suas vidas por um triz, para que eu não venha a perdê-los. Para
aqueles que já fizeram suas viagens, consola os corações de amigos e
familiares. Enche minha vida de vida, pois talvez eu ainda não a conheci da
forma como ela precisa ser conhecida.
Peço que faça o melhor por mim. Quero ser muito feliz.
Preciso de alivio. Olhe para as minhas malas, elas estão superlotadas, elas
fazem meus ombros sangrarem. Talvez eu não suporte tanta bagagem assim. Peço-te,
por favor... Ajude-me a carregá-las nesta viagem tão árdua.
sábado, 12 de outubro de 2013
A vida é curta? Curta.
A vida de muita gente perde o sentido quando vem à tona a
brevidade da nossa existência. Muitas pessoas se questionam: “Por que a vida é
tão curta?”. Eu vejo essa questão da curtabilidade da vida de um jeito
diferente. Você já parou pra pensar que a vida dentro de você pode ser bem mais
longa que fora? Nem sempre uma vida farta de dias é sinônima de uma vida
produtiva e excelente. Há pessoas que vivem sob uma ansiedade tão grande que os
dias dentro de si correm como semanas. A pressa toma conta de seus corações e o
mundo a sua volta vai se fechando, sem pontes, sem portas, sem janelas, somente
muros de aço. Essas pessoas precisam acender velas na expectativa de dissipar a
escuridão de suas emoções, mas se dissipam, é por pouco tempo, afinal de
contas, o tempo é um atleta no mundo dos tais. Não têm brilho próprio. Por
outro lado, há pessoas que colocam no bolso o amanhã e preferem dançar a valsa
do presente. Não vivem sob a correria do mundo atual estressante. Não derramam
suas preocupações em cima de coisas fúteis. Antes preferem abraçar os grandes
valores da vida e carregá-las não no bolso, mas no coração. Não precisam de
velas, pois nelas residem brilhos que alumiam até a escuridão dos outros. Sendo
assim, a curtabilidade da vida é uma questão de escolha. O tempo pode ser um
corredor lá fora, mas aqui dentro eu tenho a capacidade de fazê-lo andar de
muletas. A vida é curta? Se pra você ela está sendo, trate de prolongá-la arrumando a bagunça dentro de si.
A Angústia de Pedro
“Era noite, e em volta de uma fogueira, num pátio, eu estava
reunido com um grupo de pessoas. Meu Mestre fora preso, eu o vi sendo levado.
Ele me convidava diariamente a experimentar seu mundo, compartilhar de suas
ideias, e seguir seus passos. E pela primeira vez, nos separamos. Enquanto
lamentava o adeus da proximidade, uma criada, num lugarzinho à parte do pátio
fixara firmemente seus olhos nos meus e exclamava com veemência: ‘Você estava
com ele’. Entendi que ela referia-se ao Mestre, e temendo pela minha vida,
deixei o meu medo esmagar a esperança que tinha depositado no Nazareno, quando
disse: ‘Eu não o conheço’. Estava caminhando passos largos à um abismo que eu
mesmo criei, e não dava mais pra voltar ao passado. Um outro alguém, de identidade desconhecida,
resolveu aumentar esse vazio que estava começando a ganhar vez: ‘Você é um
deles’. Eu o retruquei dizendo: ‘Não sou’.
Em seguida, acabei negando-o mais uma vez. E agora, o que fazer diante
de tamanho erro? Procurando a solução, me fechei em meu mundo, e nada mais
ouvia, nada mais via e nada mais falava. Mas à poucos metros de distância, o
canto de um galo invadiu minhas emoções e me fez inundar num oceano de
lágrimas. Chorando amargamente, só precisava do perdão do meu Mestre. Não
poderia encontrá-lo, não no momento. Ele havia sido conduzido ao Sinédrio. Só
me restava procurar o seu olhar. Ninguém, a não ser ele, resolveria aquilo.
Estávamos distantes, e essa distância parecia infinita ante à minha miséria. No
meio daquela multidão, procurava o rosto machucado dele. Se não o encontrasse,
não teria a quem recorrer. Não só meus lábios o havia negado, mas minha
confiança em seu amor por mim. De tantos olhares à minha volta, acabei
encontrando o dele. Só os dele tinha o brilho que precisava para alumiar minha
vida que em mim havia se apagado. Em seu olhar, encontrei perdão, descanso, alívio,
consolo. Em seu olhar, o julgo da prepotência fora despedaçado.”
- Simão Pedro.
A Criança em Seu Mundo.
Ser criança é uma inestimável dádiva da vida. Crianças adoram bonecos, e vivem como se fossem os tais. Tentam ignorar os desfechos da realidade sombria, para que possam viajar num mundo do faz de conta. Desejam intensamente a liberdade, e às vezes choram por não tê-la, pois elas também necessitam de proteção. Quem dera que os adultos, pelo menos por algum momento pudessem expandir o tempo pra que as crianças fossem mais amadas, mais compreendidas, protegidas. Crianças alegram a vida, cantam e dançam, e mais parecem bolhas de sabão. Por fora são belas, mas por dentro são vazias, pois ainda não conhecem a si mesmas e aos poucos preenchem o vácuo de sua inocência. Dentro de cada criança, existe um relógio que trabalha de acordo com sua maneira de ser criança. Elas sabem que seus fantasmas as rodeiam, por isso têm a missão de gritarem pra eles: “Deixem-me em paz, eu quero crescer e saber ser criança”.
*Uma singela homenagem ao Dia das crianças.
*Uma singela homenagem ao Dia das crianças.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
A loucura de amar.
"O amor é complexo, e ao mesmo tempo simples. Loucura,
mas ao mesmo tempo lucidez. Razão, mas ao mesmo tempo emoção. Ele busca revirar
sentimentos, descortinar lembranças, reviver momentos - até impossíveis - e
acaba repousando a sombra da ilusão sobre a realidade. Chama de solidão aquilo
que se traduz por carência, e confunde a distância com a proximidade. É loucura
para os sábios, simplicidade para os imaturos. E se for mesmo uma loucura? É
uma loucura que pretendo abraçar todos os dias da minha vida. Guardarei esta loucura comigo, não no bolso ou no guarda-roupa, mas no coração."
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