(...) O que
os aproximou? Vem de dentro. Não tem explicação. A paixão nasce de uma química
interior, uma química que reconhece a mistura de cheiro, pele, ritmo,
batimentos e reconhecimentos. As dessemelhanças, essas, somem do campo de
visão. É a armadilha da paixão. O amor no meio disso? O amor é quando esses
dois seres comuns que se descobrem num dia pequeno resolvem que desejam aquilo.
Anseiam, até. Então eles trocam telefone, e-mail e todos esses trelêlês
cibernéticos sociais, e passam a se buscar porque querem sentir o amor. Só que
o amor não é coisa que se toca, nem se retém, nem se controla, nem se
estabelece. Amor é como as estrelas do céu: se você as quer ver, todo santo dia
você tem que olhar pro céu. O amor seria conseguir ver um céu naquele menino,
ver um céu naquela menina, e seguir junto desbravando esse caminho de estrelas,
sem medo de tempestades. Lembram-se das
dessemelhanças? São as chuvas, as tempestades, as não concordâncias, o breu de
uma camada poluente que vai embaçando o olhar. Daí vai se perdendo o foco,
desviando o olhar. Você não quer ver o cinza, você quer o esplendor do azul,
quer o céu e tudo que o outro te mostra nesse ponto, são as nuvens. Conseguiram
ver a beleza das nuvens? Uns sim, outros, não. Tá tudo certo! Todo mundo quer o
céu azul de estrelas brilhando por dentro. A paixão revela. O amor é quando há
resistência. Fé, esperança, teimosia, determinação, é quando duas pessoas
decidem que é por aquela janela que o céu é mais bonito. É naquele azul que se
quer mergulhar. O amor é o céu que se vê no outro, é o azul que a gente nunca
cansa de buscar, é a certeza de que as estrelas sempre estarão lá nem que chova
canivete.
- Blog Texto
Desafinado.
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