Resolvi sair, mas tudo a lembrava, cada detalhe tinha um
significado com ela, olhava vários rostos, mas apenas o dela vinha à mente.
Roupas, musicas, ou até meu travesseiro a lembrava, tudo tinha um significado,
uma história, parecia que ia corroer para sempre. Nesse momento que a gente vê
que não somos um só, mas sim uma metade, e quando a outra metade se vai, parece
que fica a pior parte de nós.
Você se vê fazendo coisas que condenava, tenta mostrar para
o mundo que está bem, que está nas baladas, que está com a mulherada que não
está sofrendo, besteira! Todo mundo está vendo que você está sofrendo e está
tentando se enganar, você enche a cara, pega o celular liga, manda mensagem, se
rebaixa, se humilha, faz coisas que condenaria facilmente em outros.Mas o faz
sem pensar, afinal, parece que apenas o pior de você que ficou.
Tenta arrumar espantalhos, isso, pessoas para tentar suprir
a carência, encontra outras bocas, outros abraços, outros corpos, mas tudo te a
lembra, ali não é você, é apenas um saco de peles com ossos dentro, saciando
seu vazio com o nada.
Com o tempo vai passando, você começa a respirar, as coisas
vão perdendo o sentido que tinham, você vai se desapegando das memórias, vai
encontrando outras possibilidades, vai achando graça em outras piadas, e
admirando outros sorrisos, conhecendo novos amigos, flertando com outras
mulheres.Quando percebe parou de procurar saber sobre a vida dela, e se
concentrando em arrumar a sua vida, tem vergonha do que fez durante esse
processo, mas entende que foi preciso talvez.
E quando vê descobre que passou aquela dor, aquela falta de
vida, aquele medo de não conseguir sobreviver sem a pessoa, de não conseguir
fazer novos planos, ter novos sonhos, tudo isso se vai, a ferida vai
cicatrizando, e você nem lembra mais dela, fica o carinho o respeito pela
história, e o desejo que seja feliz.
E quando você vê está se encantando por outro sorriso, e
pensa, puta merda de novo? Mas sabe, somos como crianças que estão aprendendo a
andar de bicicleta, caímos algumas vezes, mas nem por isso paramos de tentar, e
assim vamos, não é porque se machucou uma vez que vai deixar de se entregar a
uma nova possibilidade, afinal uma hora a criança aprende andar de vez.
E quando você estiver sorrindo, com novos planos, novos
sonhos, planos de viagens, conquista nova, você para e pensa, olha ai, e não é
que passou mesmo, sorri e continua o caminho.
Uma vez disse: Não há criança de pé cansado que se prive de
correr quando a sede toma o seu corpo em um caminho de pedras, avistando uma
fonte de água limpa. Assim também não há coração tão machucado que não se
apresse inocentemente a amar, quando encontra entre milhares, um despertar de
sorriso.
George Huxcley.
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